quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

Minha primeira São Silvestre

Prova: 90ª Corrida Internacional de São Silvestre
Local: Avenida Paulista - São Paulo / SP
Inscrição: R$ 130,00
Data: 31/12/14
Distância: 15,3 k (2ª)
Geral: 39ª corrida - 2014: 24ª corrida 
Tempo: 2h00'39'' - Ritmo: 7:50 min/km
Classificação geral masculino: 14706º (de 18078) - Categoria (35-39): 2549º (de 3062)
Resultado oficial: http://www.saosilvestre.com.br/resultados/

Nada que é tão amado e ao mesmo tempo odiado por tanta gente, pode passar despercebido. A São Silvestre está no imaginário dos brasileiros - sejam eles corredores ou não. Em meu primeiro ano de corridas passei batido pela edição 89 da corrida de rua mais antiga do Brasil, mas em 2014 ela já estava no meu calendário antes mesmo do ano começar.


Retirada de kits dividida em 4 dias
Talvez por já ter ouvido todas as críticas possíveis referentes a essa corrida (inclusive a piada que diz que ela não é uma corrida, é procissão), meus amigos, minha esposa e eu resolvemos ir para a SS realmente para nos divertir. Decidimos correr juntos, e enfrentar tudo aquilo que, segundo afirmava quem já participou, encontraríamos no caminho: largada tumultuada, falta de hidratação, dificuldade pra correr, etc etc.
E essa diversão começou mesmo antes da prova: meus amigos Wanderson e Sandra chegaram do Rio de Janeiro na segunda-feira e com isso puderam curtir um pouco de São Paulo conosco, inclusive fazendo o primeiro treino deles em solo paulistano, no Parque Ecológico do Tietê. Pegamos o kit deles na segunda-feira mesmo (o meu, já havia pego no domingo, pra garantir, mas estava bem tranquilo).

Paulistas e cariocas, todos estreantes na SS, confraternizando na noite anterior
à prova com muito carboidrato na Pizzaria 1900 no Tatuapé
Para os não-corredores, graças à força da mídia a São Silvestre é a prova mais difícil do planeta. Pra quem corre, mesmo em "início de carreira" como eu, com duas meias-maratonas e a participação em alguns treinões como o Ladeiras da Penha (15km, a mesma distância da SS, porém com 7 ladeiras íngremes no percurso) que são muito mais difíceis que ela, a corrida não tem essa ameaça. Mas, na manhã da prova, por todo o significado que a mais famosa das corridas brasileiras representa, não há como não se emocionar.
Já no metrô, encontrando com outros corredores, o clima da prova se faz presente. A chegada na Avenida Paulista faz o coração bater mais forte em ver aquela avenida símbolo de São Paulo tomada por corredores.

Chegando na Paulista
Com receio de ficarmos encaixotados, procuramos logo um lugar pra nos posicionar que não fosse próximo ao pórtico mas também não tão lá atrás. Conseguimos ficar exatamente em frente ao MASP. Ali, encontramos muitos amigos, e bateu uma tranquilidade maior: a coisa não era assim tão feia quanto pintavam. Sim, seria necessário uma organização diferente se quisessem permitir que os amadores corressem de verdade, principalmente adotando a largada em ondas. Mas, como eu disse, a maioria não está lá pra isso: participam da prova como uma grande confraternização de final de ano.

A largada foi dada e durante alguns instantes nada aconteceu. Parecia que ninguém se mexia, mas lá na frente os atletas já estavam cruzando a linha de largada. Aos poucos a massa começou a se movimentar. Nós só conseguimos alcançar o pórtico depois de 10 minutos de largada. Provavelmente outros levaram 20 ou mais, pois atrás de nós ainda havia muita, muita gente.


A partir daí, não tivemos problemas para manter o ritmo proposto, que deveria andar na casa dos 7 min/Km. Mesmo com toda essa lotação, correr nesse ritmo foi tranquilo, até o quilômetro 4... foi aí que ficamos alguns minutos parados, pois o primeiro posto de hidratação estava colocado numa rua mais estreita do que a que vínhamos, e na curva a multidão parou. Demoramos pra alcançar o primeiro balcão de água, que estava vazio, e nesse momento já bateu aquele pensamento: "realmente, falta água na São Silvestre". Mas não: na ânsia de pegar água ali, muitos atletas se debruçavam e não percebiam que à frente, na sequência, havia outros balcões, e estavam cheios de água. Apesar da parada e da estratégia dos 7/km ter sido jogada fora ali, conseguimos nos hidratar sem mais problemas. Neste ponto, muitos corredores cortaram caminho, chegando a ser vaiados quando todos se juntaram mais à frente.

Amigos que Correm. Faltou a Sandra, um pouco mais à  frente nesse momento.
A Kelly, de bailarina, era mais uma personagem da festa.
O próximo ponto de hidratação veio acompanhado também de um Gatorade geladinho, em saquinho. Muito bom. Esse modelo deveria ser adotado por todas as corridas que oferecem isotônico, porque dar a bebida num copinho aberto é sacanagem. O perigo aqui era escorregar e cair, porque a rua ficou cheia de saquinhos e copinhos.

Mantivemos nosso ritmo e seguimos apreciando a prova e também seus personagens. Muitos vão à Paulista só para aparecer na largada, mas outros concluem a prova mesmo com fantasias pesadas e provavelmente bem quentes. E o sol na segunda metade da prova não deu trégua.

Enfim, a tão falada subida da Av. Brigadeiro Luís Antonio, que não é um bicho-papão pra corredores mais treinados mas que, novamente pela significância, traz consigo sua carga de emoção. Saber que, por tantas vezes, assistimos pela televisão nomes marcantes do atletismo nacional e internacional subindo aquela avenida onde a São Silvestre costuma ser decidida (não é mesmo, Emerson Iser Bem?) faz com que nós também a encaremos com respeito. Ali, pude notar a fisionomia cansada e emocionada de muitos corredores. Alguns caminhavam, já exaustos. Outros, como eu, filmavam e gritavam palavras de incentivo.

Eu encarnei o espírito, definitivamente. Gritava para meus amigos, gritava para minha esposa, gritava para desconhecidos. Encontramos o global Fernando Rocha, apresentador do programa Bem Estar que subia com dificuldade, mas sem fingimento. Mais tarde, já terminada a prova, eu clicaria o cansado corredor ao lado da minha esposa e da amiga carioca Sandra.


A reentrada na Paulista veio coroar todo um ano de muitas alegrias nesse esporte que eu abracei desde fevereiro de 2013. Não sei se, correndo em meu próprio ritmo, eu conseguiria fazer um tempo digno de nota, algum recorde pessoal na distância de 15km (que por enquanto é de 1h13m45s na Corrida 15k Barueri no começo do ano). Talvez, na edição de número 91, eu resolva fazer meu pace. Mas, dessa vez, a alegria de cruzar o pórtico de chegada teve muito mais sabor ao lado da esposa e dos amigos. Amizade, corrida, saúde... um círculo virtuoso do qual eu não quero sair nunca mais, enquanto Deus me permitir.


Troféu? Como assim?
Não, ainda não é um troféu ganho por ter chegado em posição de destaque em alguma corrida por aí. Tenho, sim, o sonho e a pretensão talvez um pouco utópica de um dia conseguir, numa prova que premie os primeiros colocados na minha faixa etária.
Mas esse troféu, mimo do amigo Wanderson Freitas aos Amigos Que Correm que concluíram essa prova, ficará guardado junto à minha primeira medalha recebida na São Silvestre.
Primeira de muitas? Provavelmente. Apesar do preço salgado nas inscrições, da organização que sabemos que poderia ser melhor mas que provavelmente se aproveita do fato de que, a cada ano, mais gente quer participar da prova, ainda assim a alegria de estar lá compensa.

Os quatro concluindo juntos

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Um comentário:

  1. Maravilha, Luis! Cruzar a linha de chegada na paulista é virar o ano em grande estilo. Parabéns!

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