quarta-feira, 10 de agosto de 2016

Meu primeiro Duathlon

Quando comecei a correr, há pouco mais de três anos, só o fato de correr cinco quilômetros já era um desafio. Participar de uma prova multiesportes, então, era algo impensável. Mas a bike entrou na minha vida primeiro como transporte, depois como trabalho (como já contei aqui, trabalhei como bike courier) e agora também como esporte. Participar de um duathlon foi divertido, emocionante, fantástico. Vou contar um pouco aqui como é disputar uma prova assim e quem sabe você também se interesse em viver essa experiência!

Antes de mais nada, vale explicar o que é um Duathlon, já que a maioria de nós já ouviu falar do Triathlon, esporte que envolve três modalidades: natação, ciclismo e corrida, e faz parte inclusive das Olimpíadas desde o ano 2000. O Duathlon é uma variação onde é retirada a modalidade natação. As distâncias oficiais são: 10km de corrida + 40 Km ciclismo + 5 Km corrida. Muitas vezes, as provas de Triathlon se transforam em Duathlon em cima da hora, por conta de alguns fatores como por exemplo as condições climáticas que impeçam a etapa de natação.
O Aquathlon é uma outra variação do Triathlon, nessa quem fica de fora é o ciclismo. Inclusive, já participei de um, a bem da verdade fiz mais um andathlon, mas prometo no futuro nadar pra valer. O relato você lê AQUI.

Mas já fazia um bom tempo que eu queria participar de um Duathlon e ainda não havia tido oportunidade na agenda. Como meu objetivo principal para 2016 já havia passado (Maratona do Rio), encontrei o Duathlon perfeito pra fazer a inscrição: O EcoDuathlon, organizado pela K10. A distância sprint era perfeita: 5km de corrida, 20 km de ciclismo e mais 2,5 Km de corrida (metade da distância oficial), num circuito perto de casa onde tive inclusive oportunidade de treinar uma vez pra reconhecer o percurso.

Bicicleta pronta com a plaquinha
Claro que, quando o assunto é ciclismo, o equipamento tem muito mais importância do que na corrida. Para esse Duathlon, havia duas categorias: Speed (bicicletas de estrada, mais leves e aerodinâmicas) e MTB (mountain bikes, bicicletas geralmente com amortecedores e pneus mais largos, próprias para terrenos acidentados). Eu não tenho bicicleta speed, mas o regulamento prevê que mesmo bicicletas MTB com pneus mais finos entrem na categoria speed, foi o que aconteceu comigo, por usar pneus 1.5'' (a regra manda que as MTB tenham pneus com no mínimo 1.9" de espessura).

A retirada de kits foi muito rápida no Sam's Club em Guarulhos, no sábado. Fui pedalando, 30 Km ida e volta. No domingo também fui pedalando para a prova, distante cerca de 7 Km da minha casa. Acho que fui o único dos competidores a fazer isso, pois ao chegar na arena por volta das 6h30 já havia um movimento grande de carros com bike na traseira, em cima ou dentro dos veículos.

Bicicleta posicionada no cavalete na área de transição
Claro que minha bicicleta aro 26" com conjunto Acera 24 marchas era talvez a mais simples entre as que lá estavam. Mesmo as MTB eram, em sua maioria, aro 29" com conjuntos mais avançados. Não me preocupei porque já sabia que seria assim e também porque eu tinha consciência que, apesar de estar acostumado a pedalar bastante, eu não faço treinos específicos na bike, então mesmo que tivesse um equipamento top (como muitas bikes de contra-relógio que vi por lá, que custam no mínimo R$10.000,00) o meu desempenho não seria muito diferente.

O evento foi realizado na lateral da Rodovia Ayrton Senna onde há uma ciclovia e o asfalto é um tapete, lá somente veículos autorizados tem acesso portanto é uma área muito calma mesmo em dias normais. Não havia tantos competidores como estamos acostumados a ver nas provas de corrida então foi muito tranquilo, fiz o aquecimento com o amigo Marcelo Leite que também estava lá e alinhamos para a largada bem próximo ao tapete de cronometragem.

Cerca de 200 participantes alinhados para a largada
Saímos para a primeira corrida. Eu havia pensado muito sobre isso, em como deveria ser minha estratégia. A verdade é que não fiz um único treino englobando as duas modalidades, então não sabia como meu corpo se comportaria. Pensei em me poupar um pouco na primeira parte para deixar energia para as duas modalidades que viriam, mas em cima da hora mudei essa estratégia: resolvi correr o que eu sabia nos primeiros 5k, já que era meu primeiro Duathlon mesmo, e ver depois no que dava. Resultado: num percurso praticamente plano (só uma subidinha na largada e outra um pouco maior no 4º Km) bati meu recorde na distância com 5,1k em 20'44, passando na marca de 5k em 20'12", 4 segundos abaixo da marca da semana anterior em São Caetano. Havia um posto de hidratação no retorno com 2,5 k mas não utilizei.

Entrei na área de transição em 20º lugar. A partir daqui era tudo novidade. A organização com muitos staffs orientavam a todos de forma muito clara, ponto positivo. Como eu não usei sapatilhas, a transição pra mim consistiu apenas em afivelar o capacete, tirar o bike do cavalete e empurrá-la até a área onde eu podia começar a pedalar.

Assim que saí, atrás de mim saíram outros dois atletas com suas bikes speed. Nesse trecho, sentido oeste, o vento contrário ali costuma ser forte, e neste dia ventava pra valer. Aproveitei que eles passaram e grudei na roda tentando utilizar o vácuo, mas não consegui ficar ali por muito tempo. Não posso culpar apenas a bicicleta, é claro que aqui o que mais fez diferença foi o meu condicionamento. Faltou pernas, tanto pela falta de treino no ciclismo quanto pelo cansaço de uma corrida feita no limite. Em pouco mais de 500 metros eles se desgarraram e fiquei sozinho.

Dali pra frente, foi pedalar com a cara no vento o tempo todo até o retorno. Depois, vento a favor, mas o meu esforço já era grande. Consegui ultrapassar um ciclista ainda nessa primeira volta, o que prova que a bike não é tudo, porém ia sendo ultrapassado sem dó por muitos outros. Alguns passavam sozinhos, outros em pelotões, a galera aproveitava bem o vácuo um do outro. Mas claro que eu não deixei de me divertir muito, nessa passagem o amigo Carlos Carmona estava lá torcendo e eu aproveitei pra mostrar que minha bicicleta tinha um diferencial que as outras não tinham:


Na segunda volta do ciclismo meu cansaço já era evidente. Aqui já estavam misturados os atletas que estavam na primeira volta com os que, como eu, já concluíam a etapa de ciclismo. A grande verdade é que eu não via a hora de terminar. Entrei novamente na área de transição, dessa vez em 41º lugar, o que mostra que fui ultrapassado 22 vezes, já que iniciei a etapa em 20º e ultrapassei um atleta. O percurso de ciclismo de 20,6k havia sido concluído em 39'41", com 31,2 Km/h de velocidade média.
Exceto pelo fator psicológico de ter sido ultrapassado por muitos atletas, foi um ótimo desempenho pra mim, que há pouco tempo nem pensava em pedalar nessa média de velocidade, ainda mais tendo corrido uma prova de 5k antes.
As pernas até que estavam inteiras. Não sentia dores, isso era bacana. Estava curioso para essa transição pois muitos atletas dizem que as pernas não respondem muito bem à mudança do ciclismo para a corrida, e demoram um pouco pra responder.
Então desci da bike na área demarcada e a empurrei até o cavalete, realmente os primeiros passos foram meio estranhos, parecia que eu estava dando passos gigantes, ainda girando as pernas. Tirei o capacete, respirei um pouco e saí para minha última corrida.

Transição da bike para a corrida. As bicicletas nos cavaletes mostram quem já
estava correndo, e os tênis no chão quem ainda estava pedalando.
Comecei trotando devagar ainda na transição e entrei na parte da corrida sem nenhum problema com as passadas, mas o ritmo ficou bem mais alto do que na primeira corrida, cerca de 30 segundos mais lento por quilômetro. Ainda assim, ultrapassei três atletas antes de cruzar a linha de chegada, um deles já quase no final onde tive que dar uma acelerada para alcançá-lo, isso me deixou contente por ter ainda alguma energia para esse esforço. Apesar de toda a dificuldade, eu podia notar no retorno dessa corrida que havia muito mais atletas atrás de mim do que na frente, isso deu um incentivo a mais. Concluí essa corrida de 2,6k em 11'45" com ritmo médio de 4:28 min/km.

Na prova toda, não bebi líquidos, acredito que não tenha feito falta. Mas procurei logo me hidratar assim que concluí, a garganta estava seca apesar do tempo frio. O kit pós-prova teve banana e maçã, ajudando na reposição.

Quer você goste de se desafiar por recordes pessoais (como é o meu caso, apesar de não ter desempenho para buscar os primeiros lugares eu gosto de avaliar minha evolução com base nos meus tempos), quer você goste apenas de participar, tenho certeza que vai se encantar com esse tipo de desafio. Não tenha vergonha por achar que não tem preparo para a prova ou por não ter um equipamento caro. Na parte de ciclismo, passei por exemplo por uma moça que pedalava bem mais lento, mas estava lá, todos concluíram a prova e se divertiram muito. Também havia, é claro, os que além de correr muito, pedalam demais, esses foram premiados com troféu no pódio geral e também nas categorias, mais um ponto positivo para a K10 por incluir esse tipo de premiação nas provas, isso é um incentivo e tanto para atletas como eu que não são corredores de ponta, mas com muito treinamento podem, quem sabe, chegar entre os primeiros da categoria (no meu caso, 40-44 anos) e levar um troféu pra casa. Sim, eu acredito que um dia também levarei o meu.

Para nós amadores, toda medalha vale tanto quanto um troféu!
Certamente irei participar de outros duathlons. Como já disse, gosto de me desafiar buscando melhorar minha performance em qualquer prova que participo, então já sei que terei que incluir treinos de bike na minha rotina, e quando estiver inscrito para uma prova, treinar também transição de uma modalidade para a outra é importante. Mas já fiquei muito contente com meu desempenho nessa primeira participação.

E claro, inevitável não pensar nisso: um Triathlon, apesar de distante, provavelmente aparecerá um dia aqui nesse blog. Não digo que seja o caminho obrigatório, mas digamos que é tentador. Para isso vai ainda muito tempo, porque a natação é sempre a modalidade mais difícil pra quem vem da corrida e só teve contato com o esporte depois de adulto. Mas é aí que está o desafio!

A natação hoje pra mim é um ótimo esporte como cross training da corrida,
mas pode vir a fazer parte de uma prova no futuro



Prova: 4º Circuito EcoDuathlon - Etapa 1 Guarulhos
Local: Parque Várzeas do Tietê - Guarulhos / SP
Inscrição: R$ 155,00
Data: 24/07/16
Distância: 5,1 k corrida + 20,6k ciclismo + 2,6 k corrida (1ª)
Geral: 55ª corrida - 2016: 7ª corrida 
Tempo: 1h13'06'' - Ritmo: -
Classificação SPEED masculino: 36º (de 93) - Categoria (35-39): 9º (de 17)
Resultado oficial: http://megainscricoes.com.br/wp-content/uploads/2016/04/resultados-Speed-Eco-Duathlon-25-07-2016.pdf
Atividades no Strava:
Corrida 1: https://www.strava.com/activities/651862015

Ciclismo: https://www.strava.com/activities/651852202
Corrida 2: https://www.strava.com/activities/651861937

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